Mundano Dramatizado: Criatura Interior
Era só mais um dia como todos os outros.
Como de costume, sempre acontece nos momentos mais inesperados.
Acordei, levantei, trabalhei. Tudo conforme manda o roteiro
da rotina e do cotidiano de todos. Um dia normal.
Para a grande maioria daqueles que me conhecem, as
principais características que eu transmito são o senso de responsabilidade, a
atmosfera serena e tranquila e, principalmente, a opção por ser uma pessoa
extremamente pacífica.
Brigas, discussões e assuntos relacionados a isso não fazem
parte do meu dia-a-dia.
Sou o estereótipo do bom cidadão: jogo o meu lixo no local
certo, freio para evitar acidentes com animais nas ruas, cedo o meu lugar no
ônibus para quem quer que seja e paro o carro no trânsito para permitir que as
pessoas atravessem. Mantenho-me sempre, na medida do possível, com um bom humor
e cumprimento a todos com um sorriso no rosto.
Este sou eu.
O que as pessoas não sabem é que, infelizmente, este não sou
eu em tempo integral.
Em alguns momentos o bom cidadão sai sendo substituído por
outra coisa.
Algo ruim. Algo maligno.
Algo que deseja o pior para toda a humanidade.
Uma espécie de demônio invade o meu ser. Uma criatura que é
a maldade encarnada.
Ele chega sem ser anunciado e contra a minha vontade. Ele
vive, respira e rasga a minha pele tomando o meu lugar.
Para ele, pouco importa lixo, animais, velhinhas e o
trânsito. Para ele, que tudo se exploda. Quanto maior for o caos, melhor. Ele é
o próprio caos.
Ele quer transformar a ordem em desordem. Quer transformar a
tudo e a todos em um completo nada e deseja que a Terra se torne um grande e
imenso deserto de dor, sofrimento, desilusão e agonia.
Ele não quer interagir com ninguém. Não quer conversar. Não
quer ser incomodado.
A única coisa que ele quer é satisfazer o seu único desejo:
se sentir saciado. Enquanto isto não acontecer, ele não vai parar. O seu desejo
o torna cego para todas as outras coisas e ele, com toda a certeza, vai passar
por cima de quem estiver no seu caminho.
Para atingir o seu objetivo, ele destruirá a tudo e a todos,
fazendo o possível e o impossível.
Porém, assim que a sua fome é exterminada, ele volta a
adormecer.
Volta para a sua caverna.
O meu eu normal reassume o seu papel.
Até o próximo despertar daquilo que habita dentro de mim,
estará tudo bem. O problema é que, cedo ou tarde, isso irá acontecer novamente.
A luta foi, é e será eterna. Cabe a mim, apenas batalhar
contra este monstro e torcer para que ninguém se machuque no caminho.
Traduzindo: Eu com fome.


Kkkkk Ilário, a vestia do satanás na pele do cordeiro. Bem sarcástico.
ResponderExcluirSarcasmo é o meu superpoder. Rs.
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